
Uma caixinha de lápis de cor…
Pedem-me para escrever sobre os Amigos. Faço um movimento com a cabeça. Para cima e para baixo. Penso um pouco no tema. Reparo na minha velha caixa de lápis de cor. Já sei. Isso mesmo. Poiso as duas mãos abertas no teclado. Como no vestido preto e branco de um piano.. Ainda não sei bem qual o dedo a movimentar primeiro. Depende da primeira letra do título. Olho para todas elas, ainda por decidir. Fecho os olhos. Abro o coração. Já está. Foi o indicador direito. Por causa do U.
Pedem-me para escrever sobre os Amigos. Faço um movimento com a cabeça. Para cima e para baixo. Penso um pouco no tema. Reparo na minha velha caixa de lápis de cor. Já sei. Isso mesmo. Poiso as duas mãos abertas no teclado. Como no vestido preto e branco de um piano.. Ainda não sei bem qual o dedo a movimentar primeiro. Depende da primeira letra do título. Olho para todas elas, ainda por decidir. Fecho os olhos. Abro o coração. Já está. Foi o indicador direito. Por causa do U.
Todos temos, aqui e ali, guardada ou em uso, desta ou daquela qualidade, em pior ou melhor estado, uma caixinha de lápis de cor.
Pintar os desenhos da nossa vida, significa ir recorrendo a este ou àquele lápis, ora uma cor mais escura, ora um tom mais alegre. Hoje vou precisar mais do amarelo para estes traços aqui. Esta é a parte da minha vida que ficará bem de azul. Ah… isto agora foi feito para um lilás. Um branco. Um rosa. Um verde.
E oh… há quanto tempo não pego no pequeno lápis castanho. Que saudade. É ele que eu hoje vou buscar para colorir a vida. A minha e a dele, leia-se.
Por certo, todos temos um ou mais tons preferidos. Aqueles que combinam de uma forma mais profunda e completa com o ser que somos. Cores que nos fazem sempre sentir em casa. Tons que amamos.
Raramente contamos com apenas um lápis de cor ao longo de toda a nossa vida. Vão existindo sempre vários. Alguns gastam-se e não se repõem. Acontece por vezes assim, que eles tenham existido em nossos desenhos, por alguma razão especial (que nem sempre sabemos) e depois, tantas vezes, aparentemente sem um motivo claro, perdem-se da nossa caixinha. Outros, por mais que se gastem, nunca se esgotam. Acompanham-nos sempre, contamos sempre com aqueles “velhos” tons. E mesmo quando não são usados muitas vezes, mesmo quando supostamente estão mais esquecidos, há sempre algo neles e em nós, que se torna sempre presente em qualquer momento.
Eu gosto de olhar para a minha caixinha de lápis de cor. Gosto de reparar em como cada um deles é tão diferente entre si. E de mim. Nos tons, nos tamanhos, na espessura, no formato, na marca. Sei lá eu…
Mas sei bem que é pela diferença que tanto se completam. São precisas cada uma dessas suas particularidades para que os meus desenhos fiquem coesos e muito mais bonitos.
Importa isso mesmo! Compreender que é na alteridade que nos completamos. Nem sempre é fácil. Julgar é muito apetecível: o verde é mais bonito, o rosa é melhor. Que cor tenebrosa. Quando a verdade é que é de todos eles que precisamos…
Então, o melhor mesmo a fazer, e que, de resto nos dá uma felicidade profunda, é a de cuidar da nossa caixinha de lápis de cor. Afiar cada lápis com perseverança e atenção. Cuidar para que não haja bicos partidos, lascas ou perdas por negligência. Cuidar para que se encontrem sempre em bom estado e nunca, mas nunca os deixar sentirem-se apenas usados e abandonados.
Cuidar. Amar.
Assim eu compreendo os amigos na minha vida. Gosto de cuidar deles. E eles ajudam-me muito a colorir os meus traços.
......
Pedem-me para passar este desafio a alguém. O desafio de escrever sobre o tema "AMIGOS". Abro a minha caixinha. Fecho os meus olhos para não ter de escolher. Aleatóriamente pego no teu lápis, malu. Que dizes?