Saturday, October 28, 2006

O conto da Chave da felicidade


Deus sentia-se muito só. Para superar a Sua solidão, tinha criado uns seres com asas, que Lhe faziam companhia. Mas esses seres sobrenaturais encontraram a chave da felicidade e fundiram-se com o Divino, que voltou a ficar só. Uno mas só. Reflectiu demoradamente. Era Deus, mas não queria estar sozinho. Pensou que tinha chegado o momento de criar o ser humano, mas intuiu que este poderia encontrar a chave da felicidade e que assim facilmente descobriria o caminho até Ele e com Ele se fundiria. Não, não queria ficar só outra vez. Perguntou-Se onde poderia Ele esconder a chave da felicidade …
Primeiro pensou ocultá-la no fundo do oceano, depois numa caverna nos Himalaias, depois noutra galáxia. Mas estes lugares não o satisfaziam. Passou a noite em claro, questionando-Se onde seria o lugar mais seguro para a guardar.. Sabia que o ser humano acabaria por descer ao oceano mais abismal e que a chave não estaria segura aí. Também não estaria segura numa gruta nos Himalaias porque, mais cedo ou mais tarde, o Homem escalaria até aos cumes mais elevados e encontrá-la-ia. Nem sempre estaria segura noutra galáxia, já que o Homem chegaria a explorar os vastos universos.
Ao amanhecer, continuava a perguntar-Se onde a poderia depositar. E quando o sol começava a desvanecer a bruma matutina com os seus raios, de súbito ocorreu-Lhe um lugar, no qual os seres humanos nunca a procurariam: dentro deles mesmos !!
Criou então o ser humano e, no seu interior, colocou a chave da felicidade!

Ramiro Calle,
in “Os melhores contos espirituais do oriente” (um pouco adaptado..)

Fiquei a pensar....
Não deve ter sido exactamente assim.. isso de Deus nos querer ter ocultado a chave da felicidade... creio até que Ele encontrou a melhor maneira de a entregar. Colocou-a bem transparentemente à nossa disposição! E foi uma grande ideia: O lugar por Ele escolhido é sublime, é óbvio e não podia ser mais acessível!
Agora... que o ser humano tem dificulade em encontrar essa chave... ai isso é um facto!
Lá isso é!! ;)))

Monday, October 23, 2006

sonhos...

Olá, meu querido viajante!
Não fiques aí à chuva!
Entra, toca a entrar...
...
O outono, novamente este ano,
deixou-me muitas abóboras à porta!
Fiz papas e sonhos!
Juntemo-nos todos! Sentemo-nos à mesa...
que é hora de pedir e de dar!
E tu, que sonhos podes tu partilhar?!

Monday, October 16, 2006

Percepção


Quando olhamos para um iceberg, só conseguimos ver
uma pequena porção, mas sabemos que a maior parte
do seu volume permanece submersa.
Da mesma forma, quando entramos em contacto com as
pessoas, experimentamos apenas somente uma face da sua
personalidade, a totalidade permanece invisível.
Percepção é a capacidade de ver o que está além da forma,
entender o sentimento que acompanha as palavras,
captar a linguagem silenciosa do olhar.
Fernando Luís

Por isso, fiquei eu aqui a pensar, vale a pena, nas relações que vamos mantendo com os outros, lembrarmo-nos de que não sabemos tudo, de que não há apenas uma verdade, não há somente uma linguagem. Compreender verdadeiramente uma pessoa é um mundo infinito de percepções. Implica, diria eu, escutar para além das palavras e dos sons. Dos gestos. Alcançar todas estas camadas, sim, mas também, deixando a superfície, mergulhar para a profundidade das suas verdadeiras motivações e então... verdadeira e profundamente escutar.

Tuesday, October 10, 2006

O sentido dos gansos




" No outono, quando se vêem bandos de gansos voando, formando um grande V no céu, indaga-se o porquê de voarem desta forma. Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente atrás. Ao voar em forma de V, o bando beneficia de muito mais força de vôo do que uma ave voando sozinha.

Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessários para continuar a voar sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente à sua frente.

Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume a liderança.

Finalmente quando um ganso fica doente ou é ferido por um tiro e cai, dois gansos saem de formação e acompanham-no para o ajudar e proteger. Ficam com ele até que consiga voar novamente ou morra. Só então levantam vôo sozinhos ou em outra formação, a fim de alcançarem o seu bando.

Quando temos o sentido dos gansos também ficamos um ao lado do outro assim. "

("O sentido dos gansos", autor desconhecido)