Monday, July 24, 2006


“Numa noite escura e fria, alguns porcos-espinhos descobrem que encostando-se uns aos outros têm menos frio. Aproximam-se cada vez mais mas.. Ai! Ui!- como são porcos-espinhos, acabam por se picar mutuamente.
Espantados, afastam-se. Ora, quando se separam, voltam a sentir frio e lamentam-se por terem deixado o calor, mas também receiam picar-se novamente. Passado algum tempo e vencido o medo, voltam a juntar-se. E novamente a picar-se.
Apesar de tudo, aguentam-se assim, durante algum tempo até que descobrem que, se se mantiverem próximos a determinada distância, conseguem transmitir reciprocamente calor, sem se ferir.”
Encontrei esta história
e trouxe-a para vocês aqui.
Oxalá gostem.
Eu gostei logo, quando a li.
Desconheço o autor.
Um abraço a todos.

Monday, July 17, 2006

Gosto de...


Gosto das copas dos pinheiros a dançar a música do vento.
Gosto dos sons e dos tons das madrugadas.
Gosto da poesia da vida.
Gosto de amar.
Gosto do cheiro a pão quentinho que sai do forno e corre pela casa.
Gosto do cheiro do café.
Gosto da magia do natal.
Gosto de escutar os corações.
Gosto dos bancos de jardim.
Gosto quando se reunem as pessoas em redor e de alguma qualquer forma,
se partilhe o amor.

E tu, viajante, que me lês?
se alguém te perguntasse...pensa um pouquinho..
E tu? Tu gostas de quê?

Wednesday, July 12, 2006

pensamento





" Eu vou aonde me leva o meu pensamento.
Talvez chegue à paz do meu coração."


diz-nos Drzic , Dzore.

Monday, July 10, 2006

Todos temos duas almas


" Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objecto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, um tambor, etc.
Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. (...)
Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma... - Não? - Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. "

disse-nos Machado de Assis, in 'O Espelho'

Friday, July 07, 2006

obrigada, alma de malu


De ternura
a alma é pura.
De tanto ser amor,ela é doçura.
E, se a dou, a ti, em compaixão,
se não é tua, ela é de quem?
Não sei bem..
Por vezes, minha, também já não..
É nómada,
toda alma é uma brisa errante..
A Grande Alma
não conhece tristeza, repudia-a.
De noite faz-se dia;
voa em suspiros, calma,
e nada a tem presa...
canta hinos à Aurora,
a toda a obra do Senhor.
Não se perde
nem demora
por vias,
que não de Amor!
...
poema feito a duas mãos..
por duas almas que conversam uma com a outra,
bailando com as palavras,
brincando com elas,
cuidando.
As duas pessoas não se conhecem
mas as duas almas não precisam..
elas lá se vão encontrando.
As almas encontram-se assim !
Por aí!
Obrigada, alma da malu.

Sunday, July 02, 2006

A Alma


De repente, olhei para a palavra alma.
Fiquei algum tempo a pensar.
Olhei-a pela frente. De lado.
Depois virei-a, para a ver sob os seus vários ângulos e perspectivas..
E continuei a pensar.
Trouxe-a para aqui, para que a vejam comigo.
E trouxe com ela mais algumas palavras. Sobre ela. Sobre a alma.


"Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"
...
Oscar Wilde, in 'De Profundis'