Wednesday, March 28, 2007

Verdades


" Todos os que temos vivido à procura da verdade nos fomos encontrando, ao longo do caminho, com muitas ideias que nos seduziram e habitaram em nós, com a força suficiente para condicionar o nosso sistema de crenças.
No entanto, passado algum tempo, muitas das verdades acabaram por ser abandonadas porque não suportavam as nossas interrogações internas, ou porque uma “nova verdade”, incompatível com aquelas, competia dentro de nós por um mesmo espaço. Em qualquer caso, aqueles conceitos que tínhamos tido como referentes deixavam de o ser e encontrávamo-nos, rapidamente, à deriva. Donos do leme do nosso barco, mas incapazes de traçar um rumo fiável.
E, então, por um lado, pergunto a mim próprio: será que existem verdades sólidas e imperturváveis como rochas? Ou será a verdade apenas um conceito que traz em si mesmo a essência da transitoridade e fragilidade das flores? Será que por acaso as montanhas, os rios e as estrelas não estão também ameaçados de pronto desaparecimento?
Algumas verdades que são certamente questionáveis para outros, hão-de sê-lo algum dia também para mim. Mas hoje contêm, ao que me parece, solidez e fiabilidade.

O primeiro destes pensamentos fiáveis é a ideia de saber que: O que é, é.
E saber que “o que é, é.”, implica a aceitação de que os factos, as coisas, as situações são como são.

A realidade não é como me conviria a mim que fosse.
Não é como deveria ser.
Não é como me disseram que ia ser.
Não é como foi.
Não é como será amanhã.
A realidade fora de mim é como é.

A segunda dedução directamente relacionada com esta ideia é que: eu sou como sou.
E mais uma vez:

Eu não sou quem gostaria de ser.
Não sou o que deveria ser.
Nem sequer sou o que fui.
Eu sei quem sou.

E, se é difícil aceitar quem eu sou, quanto mais difícil não é, por vezes, aceitar esta terceira dedução : Tu…és quem és.
Quer dizer:

Tu não és quem eu preciso que sejas.
Tu não és o que foste.
Tu não és como a mim me convém.
Tu não és como eu quero.
Tu és como és.

Aceitar isto é respeitar-te e não te pedir que mudes. Há pouco tempo, comecei a definir o verdadeiro amor como a tarefa desinteressada de criar espaço para que o outro seja quem é.

Estas três verdades são para mim ideias-montanha, ideias-rio, ideias-estrela. Verdades que continuam a sê-lo através dos tempos e das circunstâncias. Conceitos que não são relativos a determinados momentos, mas a todos e a cada um dos instantes aos quais, somados, costumamos chamar de “a nossa vida”.

VERDADES-MONTANHA para poder construir a nossa casa sobre uma base sólida.

VERDADES-RIO para poder acalmar a nossa sede e para navegar sobre elas na busca de novos horizontes.

VERDADES-ESTRELAS para poder servir-nos de guia, mesmo nas nossas noites mais escuras. "
de Jorge Bucay ( um pouco adaptado)

Monday, March 19, 2007



Quando Deus me lançou como um seixo

para esse lago maravilhoso,

perturbei a sua superfície em círculos inumeráveis.

Mas ...

quando alcancei as profundezas,

tornei-me muito calmo.

...

escreveu Kahlil Gibran

Thursday, March 01, 2007

Feliz Março!


Chegou! Março chegou!
Ontem, cá em casa, ficou-se acordado até à meia noite para se assistir à chegada de Março e lhe dar as boas vindas. Da árvore de Natal, que é a árvore de todo o ano, retiraram-se as bolas, os flocos de neve e os anjinhos de madeira. Substituíram-se por sinos, coelhinhos cor de laranja, e flores brancas da magnólia, anunciando a Primavera.
Nós sabemos, sim...!
Que ainda não é bem ... bem a Primavera... Que se estipulou um dia preciso para a sua chegada triunfal. Certo. Mas é um anúncio! Um chamamento para ela. E um anúncio, um chamamento, uma preparação para algo que é tão bonito e tão luminoso, é um passo que importa dar, uma etapa que importa viver, com toda uma renovação interior que importa saborear! Digamos...como ...uma Quaresma que nos convida, portanto, à nossa própria Primavera!