Tuesday, January 31, 2006


Havia um chinês , cuja esposa disse :
" Gostaria de ganhar um casaco novo ".
O marido perguntou-lhe:
" E o que farás do casaco velho ? "
Ela respondeu:
" Farei dele uma colcha ".
Ele continuou:
" E o que farás da colcha velha ? "
Disse ela:
" Vou transformá-la em fronhas " .
Ele insistiu:
" O que farás das fronhas velhas ? "
Ela replicou:
" Farei novos panos de limpeza ".
Perguntou ele :
" E que farás dos velhos panos de limpeza ? "
Ela respondeu:
" Amarrá-los-ei a um cabo e terei um esfregão ".
Ele ainda indagou :
" O que farás do velho esfregão ? "
E ela:
" Irei reduzi-lo a pedacinhos , misturarei esses pedacinhos com cimento e ,
com essa massa , na primavera , taparei os buracos da nossa cabana".
Ele , afinal , concordou :
" Está bem. Dar-te-ei um casaco novo ! "
(F.C Xavier)
...
Fiquei a pensar. A pensar na palavra Renovação. Por vezes importa entrar para dentro de nós mesmos. Para o mais profundo espaço em nós e reciclar. Seleccionar criteriosamente aquilo que já não nos faz falta para identificarmos melhor o que nos está a faltar. Juntar os sentimentos, as memórias, as circunstâncias que, boas ou menos boas, já não necessitem ocupar um lugar de destaque dentro de nós. E depois, atar calmamente tudo com um fio. E aguardar um pouco.
Mas não deitar fora. Muito menos no lixo. Não, não ter lixo dentro de nós. Renovar. Transformar. Eis um dos segredos. Transformar em algo que possamos re - utilizar. E pode ser em forma de ensinamentos, de melhoramentos, transformando algo que já não nos serve, pelo menos, da maneira que sempre existiu, mas que nos poderá voltar a servir, em outros moldes, outras perspectivas. Renovadas, leia-se.
Sairemos, talvez, digo eu, mais centrados em nós mesmos. Mais inteiros. Pois afinal, nem perdemos nada. Pelo contrário: ganhámos! E ganhámos porque renovámos, sublinho.

Saturday, January 28, 2006

Um leão encontrou um grupo de gatos conversando.
"Vou devora-los", pensou.
Mas começou a sentir-se estranhamente calmo. ..
E resolveu sentar-se com eles, para prestar atenção no que diziam.
- Meu bom Deus - disse um dos gatos, sem notar a presença do leão.
- Rezámos a tarde inteira! Pedimos que chovessem ratos do céu!
- E, até agora, nada aconteceu! - disse outro.
- Será que o Senhor não existe?
??
O céu permaneceu mudo.
E os gatos perderam a fé.
O leão levantou-se, e seguiu seu caminho, pensando:
" Vejam como são as coisas...
Eu ia matar estes animais, mas Deus impediu-me.
Mesmo assim, eles pararam de acreditar nas graças Divinas:
estavam tão preocupados com o que lhes estava a faltar,
que nem repararam na protecção que receberam.


Desconheço o autor.
Mas quando penso neste conto…
...
Não dá que pensar?!

Wednesday, January 25, 2006

O menino das meias vermelhas


Todos os dias, ele ia para o colégio com meias vermelhas.
Era um garoto triste, procurava estudar muito mas na hora do recreio, ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa. Os outros putos troçavam dele, implicavam com as meias vermelhas que ele usava.
Um dia, perguntaram porque o menino das meias vermelhas só usava meias vermelhas.
Ele contou com simplicidade: "no ano passado, no meu aniversário, a minha mãe levou-me ao circo. Calçou- me estas meias vermelhas. Eu reclamei, comecei a chorar, disse que toda a gente ia troçar de mim por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que se me perdesse, bastaria olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas saberia que o filho era dela".
Os garotos responderam: "Mas tu não estás num circo! Porque não tiras essas meias vermelhas e deitas fora?"
Mas o menino das meias vermelhas explicou: - "é que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando estas meias vermelhas. Quando ela passar por mim vai me encontrar e me levará com ela".

Foi Carlos Heitor Cony que escreveu esta história.
E eu fiquei assim, durante um bom bocado, a pensar…”como me comove…”
Como comove saber e sentir que se persiste na vida com confiança,
com fé e se deposita em cada dia nosso a esperança de que o amor
acaba sempre por voltar para nos levar “para casa”.
É de lá que todos viemos e é para lá que todos caminhamos.
Acreditemos nisto. Com paciência e persistência.
Confiantes nesse amor e mesmo apesar das nossas meias vermelhas…

Saturday, January 21, 2006

O que caberá dentro das nossas mãos?

Faz a experiência. Fecha as tuas assim.
Espreita para dentro delas …
como espreitam as crianças,
com curiosidade ...para descobrir.
Como espreita um cientista,
com rigor… para comprovar.
Como espreita um mago,
que primeiro tenta adivinhar.

O que pode caber em duas mãos fechadas assim?
Com esta forma circular,
diria que cabe um mundo!
Se couberem todos as tuas memórias,
Qual é a primeira que vês?
Se couberem todos os segredos,
Qual o último a revelar?
E se para além disso,
ainda couberem os medos,
Queres deixar cair algum?
Qual é o medo a largar?

Se fecharmos as mãos assim,
E couber tudo o que queremos guardar,
o que acontece quando as abrirmos?
Perdemos algo? Vamos ganhar?

Diria que vamos ganhar!!
Se abrirmos as mãos e as estendermos
em qualquer direcção…
é bem possível que para além do mundo que já lá temos,
caiba ainda aquilo que nos pedem
ou o que nos dão..
o que fará uma imensidão!

O que caberá dentro das nossas mãos?
Cabe o que se quiser ver..
O que se quiser fazer caber!

Wednesday, January 18, 2006



De que tamanho são as pessoas?

De que tamanho são as pessoas? Uma pessoa pode mesmo medir-se? Vejamos, a mero título de exemplo, o Sven : indivíduo do sexo masculino. Quarenta e sete anos. Caucasiano. Origem nórdica. Até agora, que poderemos concluir sobre o seu tamanho? Quando muito, baseados na sua origem geográfica, talvez apenas inferir, e repito, é uma simples especulação, que muito provavelmente o Sven é um homem de estatura alta. Mas continuemos a nossa pesquisa. Aprofundemos um pouco o seu Bilhete de Identidade. Um metro vírgula noventa e dois centímetros constam na quadrícula designada por “altura”. Um metro e noventa e dois. Este número permite-nos assim atribuir ao Sven a categoria de homem grande? E o que fazer com a designação “grande homem” ?
De que tamanho é então o Sven? Ficámos satisfeitos com a resposta:”Ora, o Sven é do tamanho de um metro e noventa e dois.” ?!
Eu não fiquei. E tu, se calhar, também não. Quis saber mais coisas sobre o Sven. Peguei numa fita métrica e medi para além dos centímetros. Calculei todos os ângulos. Primeiro os exteriores e depois os interiores. Foi aqui, nos segundos, que o dilema se adensou. É que não basta medir só os ângulos internos. Neles cabem todos os gestos, os olhares, o discurso e o percurso, as preferências, as histórias, as que se passaram e as que se adivinham, os segredos, as revelações. O pior, pior, foi quando cheguei à alma. Ui.. Aí é que me foi mais difícil medir. Por onde começar ? Onde começa e onde acaba uma alma ? Qual é o tamanho, em média ? Uma alma tem tamanho? E se for enorme, mesmo enorme.., caberá dentro de uma pessoa pequena? De que tamanho é uma pessoa pequena? O que é isso de alma grande? Ok, não vou por aí. Concentremo-nos. Não percamos o nosso Sven.
O Sven. O Sven levanta-se todos os dias antes do sol. Percorre uns catorze quilómetros no caminho inverso ao do emprego. Decidiu partilhar com um pequeno grupo de pessoas, os cuidados básicos de um amigo, preso dentro de uma paralisia. Deixa-lhe o que pode. O jornal, alguns alimentos, e vários outros pequenos detalhes da organização de cada dia. Afecto incluído. Todas as manhãs. Há já alguns anos.
Esta foi a minha última medição. A partir daqui tinha tirado as medidas necessárias. As necessárias para me ajudar a encontrar a resposta à pergunta que te coloquei precisamente no início deste texto. E é engraçado.. Não fixei os centímetros. Já nem sei onde pus a fita métrica. E, sabes, nem voltarei a medir. Porque se me perguntares, se me perguntares de que tamanho é o Sven, eu dir-te-ei, sem hesitar, que ele é um homem grande. Melhor ainda, que ele é um grande homem. E quanto à alma… ok!
Ok, eu já nem vou por aí…

Monday, January 16, 2006

"Porque eu sou
do tamanho do que vejo
e não
do tamanho da minha altura...!"
Disse-nos Alberto Caeiro
...
e eu deixo-vos aqui um
abraço profundo..
a vós,
que sois
do tamanho do mundo.

Saturday, January 14, 2006

Numa sala de aula havia várias crianças. E uma delas perguntou à professora o que era o Amor. A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento do Amor. As crianças saíram apressadas e ao voltarem, a professora disse:

- Cada um mostre o que trouxe consigo.

A primeira criança disse:
- Eu trouxe esta flor, não é linda?

A segunda criança falou:
-Eu trouxe esta borboleta.Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la na minha colecção.

A terceira criança completou:
- Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele tinha caído do ninho.

Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. A professora dirigiu-se a ela e perguntou:

- Meu bem, porque é que nada trouxeste?

E a criança timidamente respondeu:
- Desculpe, professora. Vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que o seu perfume exalasse por mais tempo. Vi também a borboleta, leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho.
Trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?

A professora agradeceu à criança e deu-lhe nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no "coração".
Autor desconhecido

Friday, January 13, 2006


Ainda a propósito de um vestidinho azul,
e inspirada no post do Nuno Cerejeira,
semeio hoje aqui este pensamento
que um dia encontrei:
......
..
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores...
Se não houver flores, valeu a sombra das folhas...
Se não houver folhas,
valeu a intenção da semente..."
..
......
E desejo-vos um bom dia
com... boas sementes!!

Thursday, January 12, 2006

O vestido azul

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma menina muito bonita. Ela frequentava a escola local. A sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. As suas roupas eram muito velhas e maltratadas.

O professor ficou triste com a situação da menina. "Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?".Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu comprar-lhe um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.

Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que a sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a dar-lhe banho todos os dias, pentear os seus cabelos, cortar as suas unhas.

Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, não achas uma vergonha que a nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim."

Pouco tempo depois, a casa destacava-se na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade. Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado.

Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao presidente da Câmara apresentar as suas ideias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro. A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.

E tudo começou com um vestido azul.

Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.
É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um vestido azul.



Autor Desconhecido

Monday, January 09, 2006



Uma amiga querida enviou-me hoje por mail estas palavras:

Porque GRITAMOS ?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta aos seus discípulos:"Porque é que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?""Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles."Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?" Questionou o pensador."Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.E o mestre volta a perguntar: "Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? Ofacto é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus corações afastam-se muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para se ouvirem um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão apaixonadas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes os seus corações estão tão próximos, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer de sussurrar, apenas se olham, e basta. Os seus corações entendem-se. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas. "Por fim, o pensador conclui, dizendo: "Quando vocês discutirem, não deixem que os vossos corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que poderão não mais encontrar o caminho de volta".

falou-nos Mahatma Gandhi... baixinho....

Friday, January 06, 2006

Recebi de uma amiga, um pequeno tesouro que não tenciono guardar só para mim.
Um livro pequeno, quadrado, com pequenos desenhos que alguém pintou como se estivesse a rezar. São suaves. Dizem-nos coisas serenamente, baixinho..
Sessenta e oito pequenas páginas. Dentro do pequeno livro, ainda uma pequenina prenda adicional. Um clip. “Esquecido”, seguramente não ao acaso, na folha 52. Uma frase pequena. Li:

“ Qual a melhor prenda que alguma vez recebeste? Melhor ainda: qual a melhor prenda que alguma vez ofereceste? Talvez seja bom recordares que, num e noutro caso, a melhor prenda é sempre aquela que sai das profundezas da alma de quem dá, a que contém em si, algo de nós mesmos.” De quem dá e de quem recebe. Sim, de quem dá e de quem recebe, repeti a mim mesma, para não me esquecer.

Gostei do pequeno livro. Gostei do pequeno clip. Do pequeno pensamento. E gostei da grande certeza que tudo isto encerra: A de que há coisas, coisas pequenas, pequeninas coisas .. que nos fazem grandes!

E tu, viajante? Qual foi a melhor prenda que alguma vez recebeste?!
Melhor ainda: qual foi a melhor prenda que alguma vez ofereceste?!

Tuesday, January 03, 2006

Se tu fosses um barco perdido
triste, parado
à deriva no mar,
e eu estivesse num porto de abrigo
e te mostrasse esta mão a acenar,
tu virias?
Decidias remar?
E se eu fosse esse barco perdido
com medo e sem remo
parado a olhar,
e tu fosses o porto de abrigo,
eu iria?
Para te encontrar?

Somos barcos às vezes perdidos
Temos portos quando temos amigos
Somos barcos ou portos no mar..
Somos fortes nos nossos abrigos
Não há medos, remando unidos
E há sempre um porto
para onde chegar..