Wednesday, February 21, 2007


Uma caixinha de lápis de cor…

Pedem-me para escrever sobre os Amigos. Faço um movimento com a cabeça. Para cima e para baixo. Penso um pouco no tema. Reparo na minha velha caixa de lápis de cor. Já sei. Isso mesmo. Poiso as duas mãos abertas no teclado. Como no vestido preto e branco de um piano.. Ainda não sei bem qual o dedo a movimentar primeiro. Depende da primeira letra do título. Olho para todas elas, ainda por decidir. Fecho os olhos. Abro o coração. Já está. Foi o indicador direito. Por causa do U.


Todos temos, aqui e ali, guardada ou em uso, desta ou daquela qualidade, em pior ou melhor estado, uma caixinha de lápis de cor.
Pintar os desenhos da nossa vida, significa ir recorrendo a este ou àquele lápis, ora uma cor mais escura, ora um tom mais alegre. Hoje vou precisar mais do amarelo para estes traços aqui. Esta é a parte da minha vida que ficará bem de azul. Ah… isto agora foi feito para um lilás. Um branco. Um rosa. Um verde.
E oh… há quanto tempo não pego no pequeno lápis castanho. Que saudade. É ele que eu hoje vou buscar para colorir a vida. A minha e a dele, leia-se.
Por certo, todos temos um ou mais tons preferidos. Aqueles que combinam de uma forma mais profunda e completa com o ser que somos. Cores que nos fazem sempre sentir em casa. Tons que amamos.
Raramente contamos com apenas um lápis de cor ao longo de toda a nossa vida. Vão existindo sempre vários. Alguns gastam-se e não se repõem. Acontece por vezes assim, que eles tenham existido em nossos desenhos, por alguma razão especial (que nem sempre sabemos) e depois, tantas vezes, aparentemente sem um motivo claro, perdem-se da nossa caixinha. Outros, por mais que se gastem, nunca se esgotam. Acompanham-nos sempre, contamos sempre com aqueles “velhos” tons. E mesmo quando não são usados muitas vezes, mesmo quando supostamente estão mais esquecidos, há sempre algo neles e em nós, que se torna sempre presente em qualquer momento.
Eu gosto de olhar para a minha caixinha de lápis de cor. Gosto de reparar em como cada um deles é tão diferente entre si. E de mim. Nos tons, nos tamanhos, na espessura, no formato, na marca. Sei lá eu…
Mas sei bem que é pela diferença que tanto se completam. São precisas cada uma dessas suas particularidades para que os meus desenhos fiquem coesos e muito mais bonitos.
Importa isso mesmo! Compreender que é na alteridade que nos completamos. Nem sempre é fácil. Julgar é muito apetecível: o verde é mais bonito, o rosa é melhor. Que cor tenebrosa. Quando a verdade é que é de todos eles que precisamos…
Então, o melhor mesmo a fazer, e que, de resto nos dá uma felicidade profunda, é a de cuidar da nossa caixinha de lápis de cor. Afiar cada lápis com perseverança e atenção. Cuidar para que não haja bicos partidos, lascas ou perdas por negligência. Cuidar para que se encontrem sempre em bom estado e nunca, mas nunca os deixar sentirem-se apenas usados e abandonados.
Cuidar. Amar.
Assim eu compreendo os amigos na minha vida. Gosto de cuidar deles. E eles ajudam-me muito a colorir os meus traços.

......

Pedem-me para passar este desafio a alguém. O desafio de escrever sobre o tema "AMIGOS". Abro a minha caixinha. Fecho os meus olhos para não ter de escolher. Aleatóriamente pego no teu lápis, malu. Que dizes?

10 comments:

Confessionário said...

Lindo... já sabia que ia ser assim!

Anonymous said...

Que belas imagens...Gosto tanto de lápis de cor, de todas as cores, bem afiados ou por afiar... Gosto do cheiro, da forma, do uso, mesmo sem saber desenhar...
Que belo mundo colorido nos pintas nestes cinzentos dias, Xana! Para mim, és todas as cores da minha caixa!

joaquim said...

Xana, brilhante como sempre!!!
No meu tempo, no colégio, havia uma roda, (se calhar tinha um nome "cientifico", mas não me lembro), com a paleta das cores, que estava ligada por uma correia a uma manivela.
Quando se rodava a manivela com força, a roda ía rodando e as cores iam-se desvanecendo até ficar apenas a cor branca.
Depois de ler o que escreveste lembrei-me disto e associei a cor branca, lógicamente, à pureza de sentimentos que devem constituir a amizade.
Xana, quero estar na tua caixa de lápis de cor! Tu já estás na minha!
Abraço em Cristo

deep said...

Sempre me fascinaram os lápis de cor e o cheiro que deles emana... que pena não saber desenhar! Bonita esta tua alegoria. Nunca tinha pensado assim nos amigos...

Anonymous said...

Voltei aos teus lápis de cor e ao portinho de abrigo, que recomendei a amigos e do qual fui guia...
Continua.Eu e a Alda Olívia, o meu outro ciber ego, adoramos parar por aqui.
Bom fds!

xana said...

olá, confessionário!

Merci!
pelas palavras e pelo desafio!



Ana Maria, olá!

hã..cada um de nós, à sua maneira, mas todos acabamos por saber desenhar!
Não somos todos nós que desenhamos os desenhos das nossas vidas!
Com mais ou menos cinzentos, é verdade!
Que bom que é ser uma cor da tua caixa! Obrigado! Mesmo muito obrigado!
Paz e Bem para ti, ana.



Bom Joaquim, amigo em Cristo!

E tu, a mesma cortesia de sempre! merci! Adorei saber essa tua histórinha da tal roda com uma manivela. Não sei se estou bem a ver o que é, mas calculo que te tenha sido um objecto muito especial. Recordá-lo é vivê-lo de novo!É nunca o perder da vista do coração. Não é assim, Joaquim?
Sim, estás! Estás pois! Claro que estás na minha caixinha de lápis de cor virtual. E és um lápis de cor viva, sempre muito presente! Obrigada por ti! Pela cor que nos vens trazendo aqui. pelos traços que vens ensinando!
E que bom que é saber-me na tua caixinha também! Merci, ami!



deep, querida deep...

falando em lápis presentes, de cores leais... Tu és assim, para mim.
Sério! Gosto sempre quando me vens colorir!



ana maria, olá, de novo!

E olha que eu gosto muito de te rever! És sempre muito bem-vinda!
Curioso, tu também és a alda olívia? Ena!
Obrigada pelas tuas palavras queridas. Mil, muitos mil abraços para ti!
:)

Andante said...

Cor, lápis de cor, cor.
Ajudam-nos a bordar uma grande toalha branca de linho onde cada cor, cada tonalidade, cada matiz são a razão da nossa existência: eu com o outro. São fios ora brilhantes, ora escuros ou desvanecidos que iluminam os dias muitas vezes cinzentos do nosso coração.

Obrigada Xana.

Beijos peregrinos

P.e Júlio da Costa Gomes said...

Olá Xana. Gostei muito desta alegoria. A vida nem sempre é um arco-íris mas é bom ter tonalidades mais escuras para poderes dar mais valor às tonalidades claras. Eu gosto muito da cor azul, do branco, do verde... Ser amigo é caminhar lado a lado pintando uma paisagem, a paisagem da vida. Beijos

J said...

Xana,

Se uma dia tiver o prazer de te conhecer pessoalmente, vou te abraçar de certeza, porque cada vez sinto que és mais minha amiga no Senhor.

Se tivesse que escolher uma cor para te definir escolheria laranja que é a mistura de uma cor "leve " como o amarelo, e forte como o encarnado, porque leio o que escreves e Vejo O nas tuas palavras, e o Seu Amor é tão forte como a cor de um lápis, que marca.

Um grande beijinho em Cristo

xana said...

Conocordo bem contigo, andante,
"eu com o outro...a razão da nossa existência"
De que nos serviriam as nossas cores e as dos outros se não fosse para nos colorirmos mutuamente?...
E tu, querida andante, tu como estás?


olá, estrela polar !
Júlio, é... por isso é que é tão, tão verdadeiramente bom irmos resgatando e preservando sempre as diferentes cores dos amigos. As suas diferenças também nos podem aproximar e não necessáriamente afastar! Como o teu arco-iris, precisamente! Isso mesmo! nele, as cores são diferentes mas é juntinhas umas às outras que formam um Todo! E é um Todo muito Poderoso!! Fica tão bem....
Um abraço também para ti. Cheiinho de cores! ;)


querida joana
...se esse dia acontecer,
será mesmo um abraço a valer!
Será assim,
num abraço forte e terno
que eu te ira dizer,
o quão colorido
fica este porto de abrigo,
só por te ter!

És uma querida!Uma cor bonita de Deus!
Um abraço, hoje, ainda que virtual,
mas sempre muito especial!