Thursday, March 13, 2008

Não tenhas medo do amor.

Pousa a tua mão devagar sobre o peito da terra
e sente respirar

no seu seio os nomes das coisas
que ali estão
a crescer: o linho e genciana;
as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis;
a menta perfumada para
as infusões do verão
e a teia de raízes de um
pequeno loureiro
que se organiza como uma rede
de veias
na confusão de um corpo.

A vida nunca
foi só Inverno,
nunca foi só bruma e desamparo.

Se bem que chova ainda, não te importes:
pousa a tua mão devagar sobre o teu peito
e ouve o clamor da tempestade que faz ruir os muros:
explode no teu coração um amor-perfeito,
será doce o seu pólen na corola de um beijo,
não tenhas medo,

hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosário Pedreira



Wednesday, February 27, 2008


Vê-se a renovação em tudo lá fora.
Nos dias que se espreguiçam serenamente e ficam mais compridos, no sol mais sorridente a querer despir os casacos, nas flores que nos chamam em cada cor.
Nas árvores…
Vejo nas árvores, em cada ramo, um novo botão de flor ou de folha a querer nascer. De novo.
E perceber estes sinais, percebê-los assim numa altura como esta, em tempo de Quaresma, é um convite que nos é feito a todos, para que entremos também nesta festa da renovação.
Pensar que podemos renascer, ser alguém (de) novo, uma vez mais, não tanto nas nossas folhas ou cores exteriores, mas sobretudo na seiva que é, efectivamente a nossa essência. Aquilo que verdadeiramente nos alimenta. O fundamental de nós. Os princípios e valores que nos norteiam, as motivações que nos fazem caminhar… Pensar em tudo isso é um passo para aceitarmos o convite.
Um passo.
Nesta caminhada apelativa e…necessária, como aquela que as árvores fazem, rumo à Primavera da Vida.
Vê-se a renovação em tudo lá fora.
E cá dentro?

Wednesday, December 12, 2007

Os nosso próprios presépios...


Gosto do presépio.
Gosto de o olhar e admirar em cada dia do ano.
E gosto da ideia de o irmos construindo em todas as nossas relações. As relações que nos ligam diariamente àqueles que nos rodeiam. Imaginar-me hoje no papel desta figura, amanhã no papel de uma outra.
O que me cabe a mim fazer quando assumo determinada função, por exemplo, a de mãe ou de pai de um Ser que pode ser Jesus ?
Como me vou eu comportando quando procuro ser um pastor visitante que vem para O presentear?
Que Lhe levo eu para oferecer? O que Lhe tenho eu vindo a dar? Em que parte do caminho estou? Muito perto? Muito longe? E se eu for um daqueles três reis, que presente trago em minhas mãos? Que povo ou que tribo represento? Se quero ser a estrela, que tenho vindo eu a anunciar? E no papel de Jesus? O que precisariamos em nós mesmos mudar?
Pois é!
Que represento eu, em qualquer que seja o papel que tomar?
Como me relaciono com cada uma das figuras que estão comigo nos vários presépios da vida?
Importa pensar. Reflectir em questões assim, leva-nos numa viagem ao encontro de nós mesmos e dos outros.
E imaginarmos que a vida é mesmo um presépio permanente, um que não se tira e se guarda em Janeiro, mas que está sempre ali, ao nosso alcance, é um desafio interessante!

Eu desejo, neste Natal, e em cada dia do Novo Ano adentro, para mim e para todos nós, que possamos ir sendo capazes de assumir e viver a PAZ e o AMOR nos nossos próprios presépios: as famílias, os amigos, os colegas, aqueles que amamos mais e aqueles a quem nos parece ser mais difícil amar.
Seja qual for o papel ou a figura que representemos.

Friday, November 23, 2007


Quando se acaba de ouvir um trecho de Mozart,
o silêncio que se lhe segue ainda é dele.

SACHA GUITRY

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É assim com Mozart, com o som da chuva, com as palavras do vento, com os risos das pessoas que mais amamos, com os sons dos corações com os quais nos cruzamos.
Acreditamos muitas vezes que o silêncio é um deserto vazio, um lugar sem preenchimento, um espaço onde não temos onde apoiar os olhos e os pensamentos. Ou um quarto cerrado onde a ausência de vida ensurdece.
Mas o silêncio pode ser precisamente o contrário. Pode ser o prado profundo do sentimento, pode ser a intensidade da beleza das coisas, pode ser um santuário onde mora a Paz.
O silêncio também preenche, também conforta, e por isso, também tem som.

Wednesday, October 31, 2007


Sou um pouco de todos que conheci,

um pouco dos lugares que fui,

um pouco das saudades que deixei,

sou muito das coisas que gostei.

Entre umas e outras errei,

entre muitas e outras conquistei.

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ramon hasman

Wednesday, October 10, 2007

As nossas pontes.


"Se as pontes são como as relações, permitindo a ligação entre as pessoas e transpondo as diferenças que existem entre elas, então o estado das pontes reflecte a confiança existente nessas relações.

O estado da ponte tem uma grande influência na forma como nos sentimos seguros, ou não, ao atravessá-la, ou seja, reflecte a serenidade com que podemos viver a relação.
Enquanto o estado da ponte nos inspirar confiança podemos atravessá-la desfrutando da paisagem, sem receios, sem medos e com o prazer de percorrer e explorar a relação que a ponte significa.
Mas se a ponte começa a ceder, se as brechas surgem e as inseguranças se tornam evidentes então a nossa confiança perde-se e passamos a ter outro tipo de atitude. Passamos a ser mais cuidadosos quando estamos na ponte e redobramos a nossa atenção face ao seu estado, de forma a evitar acidentes. Afinal, não queremos cair da ponte, não queremos dar um passo em falso.

Se a ponte tiver boa manutenção, então os sinais não nos assustam, tal como as relações que são cuidadas constantemente e que conseguem, assim, manter a confiança.
Mas quando uma ponte fica danificada, temos de a reparar e renovar, tentando devolver a estabilidade.

Temos de cuidar bem das pontes que nos são importantes!"


Desconheço o autor. Mas dou-lhe toda a razão. Temos que cuidar sempre das nossas pontes!

Friday, October 05, 2007


"Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós."


Gilberto Gil, cantando.