
Havia um chinês , cuja esposa disse :
" Gostaria de ganhar um casaco novo ".
O marido perguntou-lhe:
" E o que farás do casaco velho ? "
Ela respondeu:
" Farei dele uma colcha ".
Ele continuou:
" E o que farás da colcha velha ? "
Disse ela:
" Vou transformá-la em fronhas " .
Ele insistiu:
" O que farás das fronhas velhas ? "
Ela replicou:
" Farei novos panos de limpeza ".
Perguntou ele :
" E que farás dos velhos panos de limpeza ? "
Ela respondeu:
" Amarrá-los-ei a um cabo e terei um esfregão ".
Ele ainda indagou :
" O que farás do velho esfregão ? "
E ela:
" Irei reduzi-lo a pedacinhos , misturarei esses pedacinhos com cimento e ,
com essa massa , na primavera , taparei os buracos da nossa cabana".
Ele , afinal , concordou :
" Está bem. Dar-te-ei um casaco novo ! "
(F.C Xavier)
...
Fiquei a pensar. A pensar na palavra Renovação. Por vezes importa entrar para dentro de nós mesmos. Para o mais profundo espaço em nós e reciclar. Seleccionar criteriosamente aquilo que já não nos faz falta para identificarmos melhor o que nos está a faltar. Juntar os sentimentos, as memórias, as circunstâncias que, boas ou menos boas, já não necessitem ocupar um lugar de destaque dentro de nós. E depois, atar calmamente tudo com um fio. E aguardar um pouco.
Mas não deitar fora. Muito menos no lixo. Não, não ter lixo dentro de nós. Renovar. Transformar. Eis um dos segredos. Transformar em algo que possamos re - utilizar. E pode ser em forma de ensinamentos, de melhoramentos, transformando algo que já não nos serve, pelo menos, da maneira que sempre existiu, mas que nos poderá voltar a servir, em outros moldes, outras perspectivas. Renovadas, leia-se.
Sairemos, talvez, digo eu, mais centrados em nós mesmos. Mais inteiros. Pois afinal, nem perdemos nada. Pelo contrário: ganhámos! E ganhámos porque renovámos, sublinho.